Pressão psicológica familiar. Vamos falar disso?

Por Portal Opinião Pública 24/08/2023 - 11:14 hs
Foto: Divulgação

Dr. Luiz Marcelo Chiarotto Pierro

Um amor incondicional, com doação, carinho e amor. Pais e mães são vistos como figuras quase sagradas. Mas, essa não é uma realidade em todas as famílias. Pais tóxicos costumam ser grandes responsáveis por violência no lar e traumas psicológicos que são levados por toda a vida. Sob pressão, algumas pessoas podem ceder aos desejos e expectativas da família em detrimento de suas próprias aspirações e objetivos.

Com o tempo, isso acaba resultando em infelicidade e arrependimento a longo prazo. Quando ocorre desde cedo na pessoa, essa atitude torna o indivíduo incapaz de tomar atitudes por conta própria, uma vez que sempre está esperando que alguém lhe diga seus deveres e objetivos. Cobranças, agressões físicas e verbais e violência psicológica são alguns dos comportamentos desses tipos de familiares. A sensação de estar constantemente pressionado a atender ao que a família espera causa preocupação, insegurança e tensão emocional, dificultando o aproveitamento saudável do processo para tentar atingir determinados objetivos.

É o caso de apresentar mau desempenho acadêmico não por falta de competência, mas com medo de não estar à altura esperada.

São sinais de pressão psicológica familiar, uma relação tóxica entre pais e filhos, isso é, pais tratando mal seus filhos, causando um sentimento ruim sempre que o filho precisa realizar alguma tarefa. Egoísmo, exposição familiar em excesso, autoritarismo e intolerância, com cobranças excessivas pela perfeição em praticamente todos os aspectos da vida dos filhos. Incluindo desde a carreira profissional até relacionamentos amorosos. Dentro desse cenário, a intolerância dá as caras quando algo contrário à opinião dos pais é prontamente rechaçado, rebaixado e desconsiderado.

Pais tóxicos tentam manipular os filhos de uma forma emocional e física, com a imposição da figura de autoridade e chantagem emocional. Má comunicação, como não há qualquer sentido de paternidade / maternidade, de interesse em contribuir para o desenvolvimento do filho, a comunicação entre as partes é severamente afetada. Não há diálogos leves, brincadeiras, conversa do dia a dia. Somente há cobranças, humilhações e pressão familiar exagerada.

Aqueles que enfrentam abusos psicológicos frequentemente experimentam uma sensação de infelicidade, mesmo quando aparentemente desfrutam da vida que desejam, muitas vezes experimentando tristeza sem compreender a origem.

Indivíduos nessa situação podem manifestar sintomas característicos da depressão, como a tendência a chorar, anedonia (incapacidade de sentir prazer ou se divertir), ansiedade, medo e uma perda de interesse em tudo. Essa combinação de sensações leva a uma diminuição do brilho na vida. As experiências que refletem suas habilidades e capacidades acabam empobrecendo, resultando em uma redução do seu potencial vital. Sentimentos ou pensamentos de desvalorização e falta de amor, ausência de empatia e conexão amorosa. 

O estresse e a ansiedade que a vítima enfrenta são tão intensos que a levam a permanecer em um estado constante de alerta, motivado pelo receio de desagradar ou decepcionar o agressor. Esse tipo de relação provoca uma sensação de incapacidade, medo, baixa autoestima e uma paralisia dentro do relacionamento. A violência psicológica pode ser tão angustiante quanto a violência física ou sexual.

Para além dos impactos na saúde mental, há também consequências diretas ou indiretas na saúde física. "Por exemplo, distúrbios no sono relacionados a privação, qualidade inadequada ou excesso podem gerar alterações hormonais que afetam diversos sistemas. Além disso, podem surgir problemas alimentares, dependência química e abuso de álcool, disfunções gastrointestinais, condições dermatológicas, questões ortopédicas e de postura, entre outros."

Poderíamos associar familiares tóxicos a pessoas agressivas, com problemas como vicio e financeiro. No entanto, pais tóxicos podem ser pessoas consideradas comuns e tranquilas, cujo comportamento perturbador seja direcionado especificamente aos filhos.

As atitudes que refletem características diretas da violência psicológica podem estar associadas à falta de preparo, ao egoísmo, à pressão social por comportamentos maternais ou a uma situação que muitos acreditam ser impossível existir: pais que não gostam de seus filhos. Incrível né?!

E como lidar com pais que mentem, humilham e pressionam seus filhos a tomarem atitudes diversas à vontade?

Mostre firmeza, filhos com opiniões próprias e pouco manipuláveis podem não ser tão afetados por pais tóxicos. Veja seus pontos fracos. Saber onde genitores apostam para violentar emocionalmente seus filhos é um ponto fundamental para que a proteção ocorra; desapegue-se uma relação saudável deve ser prioritária e vai além da relação familiar; a violência psicológica e emocional é capaz de minar a estabilidade e a autoestima, saiba a hora de se afastar.

Se identificar algum amigo, ou filho de alguém, procure ajudar. Em caso de agressão, não se omita e sempre procure o órgão responsável para denunciar.

Forte abraço.